Cientistas do IMM publicam estudo sobre as células do sistema imunitário

28/04/2009
Investigadores da Unidade de Imunologia Molecular do IMM publicaram este domingo, 8 de Março, um estudo na prestigiada revista Nature Immunology* que mostra como se pode identificar e, mais importante ainda, controlar duas populações de células imunitárias (linfócitos T) responsáveis por consequências antagónicas: a defesa de organismos contra infecções ou o desenvolvimento de doenças autoimunes.



Os resultados revelam um processo de “re-educação” celular e abrem novas perspectivas na imunoterapia do cancro e das doenças autoimunes. O estudo, que será publicado na versão online este domingo, foi realizado em Portugal, em colaboração com equipas estrangeiras, e mostra a competitividade internacional dos investigadores Portugueses.

Os linfócitos T são glóbulos brancos produzidos no timo (órgão situado sobre o coração) que nos defendem contra infecções e tumores. Porém, ao mesmo tempo que desempenham essas funções benéficas, os linfócitos T podem também ter efeitos indesejáveis, sobretudo se atacarem as nossas próprias células, o que dá origem a doenças como a diabetes ou a esclerose múltipla (ditas doenças autoimunes). Comportamentos tão díspares derivam de populações distintas de linfócitos T.
O trabalho da equipa de Bruno Silva-Santos identificou duas dessas populações, descobrindo uma forma de as distinguir e, mais importante, de as controlar. Os cientistas do IMM mostraram que as duas populações derivam de células-mãe comuns, presentes no timo, as quais podem ser manipuladas através de uma proteína (chamada CD27) localizada à sua superfície. Ao ser atingida, esta proteína passa a transmitir sinais à célula-mãe que a levam a produzir células que combatem o cancro e infecções, em vez de células causadoras de doenças autoimunes.

“A relevância do nosso estudo está em termos identificado uma forma nova e definitiva para discernir entre as células T protectoras e as que induzem doenças autoimunes”, esclarece Julie Ribot, primeira autora do estudo e investigadora na Unidade de Imunologia Molecular do IMM.

“Sabemos agora que manipulando a proteína CD27 à superfície das células T podemos modificar o rumo das células T”, completa Bruno Silva-Santos, Director da Unidade de Imunologia Molecular do IMM e responsável principal pelo estudo.
“O processo que identificámos funciona como uma “re-educação” das células T dos ratinhos e abre perspectivas na imunoterapia de doenças inflamatórias e autoimunes”, continua o investigador.

O estudo contou ainda com a participação de Ana de Barros, estudante de doutoramento na mesma equipa de investigação. A equipa Portuguesa, sediada no IMM, está também associada ao Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC), cuja colaboração foi fundamental para a realização deste estudo.

Fonte: Cienciapt.net – 9 Março 2009

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